Arquitetos e Engenheiros Militares que trabalharam na Fortificação da cidade de Évora
Diogo de Arruda (14?? – 1531)
Nomeado Mestre-de-obras da comarca do Alentejo em 1521, dirigiu as obras do Castelo Novo de Évora. Embora o seu desenho seguisse os modelos renascentistas da arquitetura militar, representava uma inovação para Portugal .
Em 1525, já sob o reinado de D. João III, foi nomeado arquiteto dos paços reais, tendo participado nas obras dos Paços Reais de Évora.
Francisco de Arruda (14?? – 1547)
Entre 1508-10 foi empreiteiro nas obras das muralhas de Moura, Mourão e Portel . Em 1531, foi nomeado Mestre das Obras de Pedraria da Comarca do Alentejo e Paços de Évora e Medidor das Obras Reais.
A este engenheiro devem-se algumas das mais estimulantes experiências da arquitetura militar portuguesa da fase de transição, tais como:
- o aparecimento de grandes bastiões ou bastilhas , de posicionamento angular, com canhoeiras de grande dimensão para o tiro flanqueado;
- a pesquisa que se desenvolveu ao nível das plantas das fortificações, assistindo-se ao aparecimento de plantas muito interessantes, mas que ficaram como exemplos isolados.
Benedetto de Ravenna (1485 – 1556)
Este engenheiro pertenceu à geração pioneira responsável pelo desenvolvimento, em Itália, do baluarte poligonal que revolucionou a conceção das fortalezas durante o segundo quartel do século XVI. Trabalhou como engenheiro militar especializado e artilheiro ao serviço de Espanha, modernizando e consolidando algumas das suas fortificações. Nesse período começou a desenhar o castelo artilheiro de Vila Viçosa, mas depressa as suas atenções se viraram para as defesas do Sul de Espanha .
Em 1541 foi enviado para África, com instruções para inspecionar Ceuta e Mazagão.
Antes de deixar África, visitou Safim e Azamor e, parece provável que os seus relatos, decerto indicando os elevados custos da modernização das defesas e de renovação da artilharia, confirmem a decisão de D. João III de abandonar essas duas cidades.
João Paschasio de Cosmander (1602 – 1648)
Matemático, engenheiro militar e arquiteto. D. Luiz de Menezes cita o préstimo deste engenheiro, na sua obra Portugal Restaurado . Quando o exército português tentou, em 1643, sitiar Badajoz, Joanne Mendes fez um reconhecimento à praça, sendo acompanhado por Cosmander .
A 19 de dezembro de 1642, ordenou-se que Ruy Correia Lucas, acompanhado por Cosmander e por Jean Gilof, fosse ver todas as praças de fronteira, com autorização de empreender as obras que julgassem vantajosas e indispensáveis para a defesa do país.
Em 31 de dezembro de 1644, foi enviado ao Conselho de Guerra um documento de Cosmander, no qual constavam diversas representações respeitantes à fortificação das praças do Alentejo.
Nicolau de Langres (1??? – 1665)
Serviu o rei Luís XIII de França na função de Engenheiro ordinário encarregue de desenhar, erguer e reparar as fortificações daquele reino.
Foi convidado pelo embaixador de Portugal a servir no Exército Português, nas mesmas funções, através de um contrato de três anos, que aceitou em 1644.
Por morte de Cosmander, sucedeu-lhe, tendo recebido do rei D. João IV, a patente de Coronel Superintendente dos Engenheiros.
No entanto, Langres passou para o serviço de Espanha, sob o comando de D. João da Áustria, vindo a comandar a artilharia inimiga quando do ataque de 1662 à Fortaleza de Juromenha, por ele projetada e construída.
Charles Lassart
Nomeado engenheiro-mor do Reino por decreto de 22 de março de 1642, examinou e emendou as fortificações do Alentejo. Em 1643, retirou-se da fronteira sem ordem nem licença e, por isso, o Conselho de Guerra ordenou que assistisse na fortificação de Elvas.
Em 1657 , faz um desenho para Évora, onde constavam os seus baluartes reais.
Pierre de Saint-Colombe
Trabalhou no Alentejo e no Algarve, segundo informações do seu governador, o Conde de Valle de Reis, e executou diversas obras nas fortificações de Castro Marim, Tavira e Faro.
Os seus desenhos para a fortificação de Évora fizeram com que tivesse uma acesa discussão com Luís Serrão Pimentel.
Jean Gillot (1576 – 1642)
Engenheiro militar francês, veio para Portugal no início da Guerra da Restauração encarregue de ver todas as praças fronteiriças, delimitando essas novas fortificações pelo método holandês.
Morreu na defesa da praça de Olivença, à qual tinha dedicado saber e entusiasmo.
Luís Serrão Pimentel (1613 – 1679)
Alcançou o cargo de Tenente-General de Artilharia, de Cosmógrafo-mor e de Engenheiro-mor do Reino. Começou por receber formação no Colégio Jesuíta de Santo Antão, em Lisboa, que lhe ofereceu matérias relacionadas com as Humanidades e as Ciências Matemáticas.
Antes de completar 30 anos, acompanhou o cosmógrafo-mor António de Mariz Carneiro, substituindo-o em 1647. Nesse período obteve um Alvará para desempenhar o referido cargo na íntegra. Mas só em 1671, se deu a sua confirmação definitiva como cosmógrafo-mor do Reino.
Em 1641, na sequência do novo Conselho de Guerra, criado em 1640, e da Junta das Fortificações, que passaram a sistematizar o ensino e a superintendência dos assuntos militares, criou-se uma Aula Militar, onde Serrão Pimentel ensinava Ciência Militar, Matemática e Cosmografia.
Graças ao seu desempenho, Serrão Pimentel conseguiu a instituição da Aula de Matemática e Fortificação da Ribeira das Naus , a primeira escola de ensino militar especializado em Portugal. Apostava-se agora num pragmatismo do método de fortificar, resolvendo-se os problemas conjunturais do reino em termos militares e a funcionalização dos engenheiros.
Serrão Pimentel destacou-se também em termos práticos:
- marcou presença nas batalhas das linhas de Elvas, em 1659, e do Ameixial, em 1663;
- em 1662 esteve no Alentejo três vezes, com o intuito de realizar a planta da fortificação de Évora . Empenhou-se na recuperação desta, efetuando o projeto do Baluarte de S. Bartolomeu e desenhando uma planta para a refortificação da cidade;
Em 1680, foi públicada a sua obra Methodo Lusitanico de Desenhar as fortificações das Praças Regulares e Irregulares fortes de campanha, e outras obras pertencentes à Arquitectura Militar. É o primeiro tratado a apresentar esta matéria em língua portuguesa, apresentando também um novo método, uma vez que várias nações tinham os seus métodos de fortificar, era justo haver um método dos portugueses.
Manuel de Azevedo Fortes (1660 – 1749)
Engenheiro-mor do reino desde 1719, integra-se na corrente das Luzes, e teve formação técnica noutros países europeus. Regressando a Portugal com um espirito de inovação notável, lecionou Matemática na Academia Militar da Fortificação portuguesa em 1695, desempenhou o cargo de engenheiro-mor do reino e, em 1702, passou a ser capitão de Infantaria com aplicação de engenheiro.
A 10 de outubro de 1703, o Conselho de Guerra ordenou que Fortes partisse para o Alentejo, com o objetivo de ajudar nas campanhas de guerra. E por decreto de 1705, Fortes passou de sargento-mor a tenente-de-mestre-de-campo-general, mostrando-nos que durante 1704 passara de capitão a sargento-mor, tendo tido duas elevações de posto num curto espaço de tempo, o que não era comum.
No início do século XVIII, Fortes abordou, pela primeira vez em Portugal, as questões referentes aos métodos necessários para os levantamentos de campo, bem como as convenções e códigos necessários à elaboração prática dos desenhos, nas obras Tratado do modo o mais fácil de fazer as cartas geográficas - de 1722 - e O Engenheiro Portuguez - de 1729.
Miguel Luís Jacob (1715 – 1771)
Formou-se na Aula de Fortificação , tendo sido fortemente influenciado pela renovação promovida por Manuel Azevedo Fortes. Iniciou a sua carreira como ajudante engenheiro das fortificações do Alentejo em 1737, aparecendo na documentação como capitão da infantaria com exercício de engenheiro na mesma região, até 1750 . Durante esse período trabalhou no projeto de adaptação do Castelo Novo de Évora a Quartel do Regimento de Dragões, sendo ainda muito vasta a sua atividade no Alentejo.
Em 1762 foi nomeado sargento-mor e, publicou o Tratado de Fortificação Regular e Irregular.